Trajetória
A rua como constante inspiração. A rotina, o cotidiano e seus seres anônimos, caminhantes repletos de histórias são como um ímã para minhas lentes. Um mundo sem sorrisos posados ou refletores planejados de véspera.
Nada como uma quarentena para rever todas as minhas fotos e finalmente entender a linha que guia o meu trabalho, aquilo que seria minha assinatura, Antes de tudo, a câmera como extensão dos meus dedos, uma ferramenta que sempre me acompanha para oportunidades de foto, de cenas cotidianas, o frenesi do clique, o encontro com a imagem e as reflexões, sem planejamento. 
Comprei minha primeira câmera em 1998, uma analógica, e percebi que uma paixão nascia naquele momento. Dois anos mais tarde, tive meu equipamento roubado e, com a frustração, busquei caminhos opostos: sou bacharel em Economia e trabalhei cinco anos no mercado corporativo. Até que um despretensioso ano sabático em Londres trouxe a reconexão com a fotografia – para não me separar mais dela. 
Após uma temporada na Austrália, em 2013, viajei para a Ásia por três meses e durante esse período percebi, de maneira crítica, que meu trabalho evoluiu. Em dois países, em especial, fiz registros próximos de tudo que sempre admirei. Especialmente na Índia e no Nepal tive uma espécie de epifania ao fotografar o Holi (Festival das Cores) nas cidades de Mathura e Vrindavan. A súbita sensação de entendimento do meu trabalho também ocorreu com o incrível Ano-Novo Nepalês, na histórica cidade de Bhaktapur.
Depois de clicar incansavelmente cenas, locais e objetos dos mais variados, entendi o que mais me atrai na fotografia. Notei um apreço pelo caos, por texturas, pelo contraste. Grandes aglomerados urbanos são claramente o principal cenário do meu trabalho autoral. Mesmo quando registro cidades menores, há a busca constante por elementos que fogem da beleza padrão.
A afeição pelo caótico fez com que meu primeiro projeto autoral fosse um trabalho de fusão de pelo menos duas fotos, uma busca por cenas ou texturas contrastantes, ou então meramente um contraste imagético. Essa junção foi realizada com ferramentas de pós-edição. Uma experimentação, um momento em que entendi melhor a dinâmica da pós-produção. Esse projeto chamei de Fusão.
Em 2014, de volta a São Paulo, finalmente materializei essa percepção anterior na série caoSoPtico. Fotos que exploram as múltiplas camadas da megalópole brasileira, os fios emaranhados, reflexos em vidros de prédios, trânsito. Um projeto provavelmente sem um final preestabelecido. Nos dois anos seguintes, tive contato cada vez mais frequente com captação em vídeo e desde então flerto com um pouco mais de movimento para minhas fotos, a busca por capturar a loucura em 24 horas da cidade de São Paulo. Durante 2016, além da câmera, tive comigo sempre um tripé para fotografias em longa exposição. Esse projeto recebeu o nome de Frenzy.
Em 2017, por necessidades da minha empresa de foto para eventos, deixei de caminhar pela cidade e tenho usado cada vez mais o carro como meio de transporte – algo que sempre tentei evitar virou meu principal meio de deslocamento. Eu, trânsito apresenta uma linguagem de fotos no recolhimento de um carro, pouco espaço interno, mas uma imensidão que vai muito além da carroceria. Um veículo muitas vezes oprime, mas é sem dúvida prático, um facilitador do ir e vir e ao mesmo tempo elemento gerador da lentidão nas ruas e avenidas. Um personagem contraditório! A série explora a relação do carro com o ambiente, cenas cotidianas, diversos personagens comuns e ao mesmo tempo icônicos, concreto, arte de rua, fumaça e a multiplicidade das grandes cidades.
Em 2021 Fiz parte da Exposição Coletiva “Histórias da Infância na cidade de São Paulo” no Museu da Cidade de São Paulo, com duas fotos selecionadas pelo curador Roney Cytrynowycz – Brasil
Desde o início de 2020 moro em Lisboa e aqui me apaixonei pelas texturas da cidade, de diferentes tempos, coexistindo em um dos países mais belos do mundo. Assim nasceu o projeto Texturas, uma tentativa de explorar a multiplicidade de trama e urdidura em Portugal para mesclar com cenas do dia a dia. O processamento das fotos foi feito diretamente na câmera, sem utilizar ferramentas de pós-edição. Com essa série fiz minha primeira exposição individual na Casa da Guia em 2021, apresentada pela Rodyner Gallery.
Em 2023 mudei-me para Mafra e desde então a séria Lusco-Fusco está sendo produzida...
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